Livros de Acadêmicos de Medicina _ Saúde Coletiva
Livros sobre Saúde Coletiva

SAÚDE COLETIVA: HISTÓRIA DE UMA IDÉIA E DE UM CONCEITO
SAÚDE COLETIVA: A FORMAÇÃO DE UM CAMPO SOB A PERSPECTIVA
METODOLÓGICA DE PIERRE BOURDIEU
Introdução
Pensar a saúde coletiva como campo de saber e prática implica necessariamente resgatar as suas bases históricas, as idéias e momentos que subsidiaram o seu surgimento em passado não muito distante. Podemos situar que na América Latina, a chamada Saúde Coletiva tem como referência de data inicial a segunda metade do século XX, mais precisamente a segunda metade dos anos 50, embora a trajetória tenha sido diferente entre os países latino-americanos. No Brasil, esta trajetória é bastante específica e podemos delimitá-la, com fins didáticos, em três fases que apresentaremos a seguir. Para Nunes10 a primeira fase vai até os anos 70 do século passado e é marcada por conceitos preventivistas e também denominada pelo autor de pré saúde coletiva. Menendéz8 ao analisar a emergência de um projeto preventivista latino-americano naquele período, relata que o que já se diagnosticava era a crise da própria medicina, tanto em sua teoria, como em sua prática. A reforma então defendida não era, no entanto, a da prática médica, mas a inclusão de disciplinas como epidemiologia e administração dos serviços de saúde nos projetos pedagógicos, buscando assim criticar a biologização do ensino fundamentado em práticas individualistas, curativas e hospitalocêntricas. Era a tentativa da integração biopsicossocial e o modelo da medicina integral norte americana numa versão latino-americana.
No plano do conhecimento havia espaço para conceitos relacionados a abordagens sócio-antropológicas, ecológicas e demográficas e no plano político-ideológico o projeto preventivista encontrou expressão na chamada medicina comunitária. Estava estabelecida, portanto, a possibilidade de discussão sobre um projeto alternativo para a Saúde.
Aquele era um período singular para se pensar em mudanças. Grandes transformações advinham do fim da segunda Grande Guerra. Juntamente com a expansão econômica experimentava-se a intensificação da produção industrial. O Estado aumentava sua participação no processo de acumulação e assistiu-se a implantação de um novo modelo econômico. A moda era a utilização de antibióticos e o aperfeiçoamento de técnicas cirúrgicas. Consolidava-se a segurança na atenção médica individualizada. As teorias desenvolvimentistas e da idéia do círculo vicioso pobreza-doença encontram sua fase áurea.
Este era o cenário no qual se tentava implantar a idéia de um campo de saber e práticas, denominado de Medicina Preventiva e Social, criticado posteriormente por Arouca2 em 1975 que já reconhecia sua fragilidade ao tratar indistintamente o preventivo e o social. Para o autor a medicina preventiva realiza um trabalho de delimitação, que por um lado afirma a sua identidade e a diferencia da própria medicina e por outro lado estabelece suas diferenças com a saúde pública e a medicina social...
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