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Sinopse: do livro em PDF
Resenha, por Canniggia C.
A obra, A Metamorfose, de Franz kafka, possui uma crítica que está imbuída no decorrer da narrativa. Ela se aplica na reflexão da condição humana imersa na mais profunda solidão do ser e o personagem, Gregor Samsa, nada mais é que o espelho dessa situação do mundo moderno.
Gregor Samsa está caracterizado imóvel aos seus acontecimentos diários – imóvel porque ele não anseia uma mudança na sua condição de de sujeito passivo.
A Metamorfose não retrata apenas a transformação e Gregor num inseto asqueroso, mostra a situação e um jovem caixeiro viajante que renuncia a sua vida para sustentar a sua família que nada fz diante das problematizações impostas pelo mundo. Eles só esperam num plano de fundo.
A história narrada na obra possui uma atmosfera psicológica ardente que aparece implicitamente no decorrer da novela kafkiniana. Gregor é o retrato do homem moderno que vive num pesadelo de uma crise existencial na qual podemos notar a presença da desesperança e do pessimismo com o futuro.
Gregor Samsa encontra-se num universo paralelo, passivo aos acontecimentos, contudo, nota-se a sua incapacidade de reação diante da sua condição de barata que ele mesmo contribuiu para a concretização, ou seja, Gregor foi co-autor na sua posição de inseto, posição essa que, ao lermos a obra, percebemos que já era existente numa camada interna, a “metamorfose” oi apenas a visibilidade do que já estava escondido, ardendo no personagem – uma vez que a verdadeira metamorfose acontecerá com a sua família.
Alem disso, ao lermos A Metamorfose notamos uma forte projeção pessoal do autor, talvez para dar vazão ao seu personagem – kafka era um personagem construído em cima dos seus conflitos introspectivos e da educação tirânica que recebera do pai, uma espécie de Deus que tudo vê e tudo norteia.Em Carta Ao Pai, o autor diz: “consideras-me, desde antes, com orgulho paternal, por desconhecimento de minha existência real[...]”
Tudo isso transparece de forma exacerbada nas suas obras, a relação que tinha com o seu pai, os seus conflitos internos e também as suas reflexões sociais que tem como obra inaugural O Processo, que vem banhada pelo impacto da I Guerra Mundial ou em Um Artista da Fome, a obra na qual Kafka explicita o homem marginalizado na sua mais plena integridade física,moral e mental. Nesta obra o autor busca tornar acessível aos nossos olhos o homem podado pela sociedade, o homem que “tem fome”, o homem que sabe que pode dar mais mas que, porém, não há ninguém que possa afirma-lo.
Notamos também, como em A Metamorfose, na obra O Veredicto a projeção da sua relação com o pai, Herrmann Kafka, que influenciou arduamente no processo de criação de Franz Kafka, como está descrito em Carta a Meu Pai, quando o autor menciona: “meus escritos tratavam de ti; neles, lamentava o que não podia lamentar sobre o teu peito”. Carta Ao Meu Pai é um registro fervoroso de uma pessoa afetada pelo tiranismo que fora exercido sobre essa durante uma vida. Para isso, o autor fala: “representasse para mim todo o mistério que possuem todos os tiranos”.
Franz Kafka é um personagem de si mesmo, solitário, introspectivo, marcado pelas frustrações – parte de si – vivenciadas ao longo de seus 40 anos e essa mente afetada irá transparecer violentamente no decorrer e sua obra.
"A Metamorfose, por Franz Kafka"